Na Núcleo Saúde Soma, acompanhamos de perto um fenômeno que cresceu com a hiperconectividade: a ansiedade digital impulsionada pelo “doomscrolling”, o hábito de rolar sem parar por notícias negativas. Evidências de grupos da University College London, publicadas em periódicos de alto impacto como Nature, descrevem um ciclo de mão dupla em que a busca por conteúdo ameaçador piora o humor, e o humor pior leva a ainda mais exposição a esse conteúdo, sustentando um loop de estresse e vigilância constantes.
Os efeitos não se limitam ao desalento momentâneo. Estudos recentes, com amostras nos Estados Unidos e no Irã, indicam que a exposição contínua a más notícias pode corroer a sensação de controle e de propósito, aumentando ansiedade existencial, desconfiança e pessimismo. Quando a mente passa a operar em modo de ameaça, a atenção se estreita, cresce a ruminação e decisões importantes tendem a ser tomadas sob forte viés de catastrofização, elevando o risco de sofrimento psicológico persistente.
O sono é outro ponto sensível. Meta-análises atualizadas mostram que o uso de telas à noite se associa a pior qualidade do sono, maior latência para adormecer e mais despertares. Dormir pouco ou mal fragiliza a autorregulação emocional e aumenta irritabilidade, impulsividade e sensibilidade ao estresse, o que alimenta novamente a ansiedade e a depressão. Romper esse ciclo requer intervenções que protejam o ritmo circadiano e reduzam a superestimulação noturna.
A boa notícia é que nem todo uso digital tem o mesmo impacto. Interações ativas, intencionais e socialmente significativas tendem a se associar a maior bem-estar do que o consumo passivo e prolongado de feeds. Na prática, funciona estabelecer janelas sem tela antes de dormir, silenciar termos e fontes que disparam ansiedade, reconfigurar o feed com curadoria positiva e confiável, substituir a rolagem por conversas e atividades com propósito, e registrar humor e gatilhos em um diário. Quando necessário, a psicoterapia baseada em TCC e ACT ajuda a treinar atenção, flexibilizar pensamentos e reconstruir rotinas. Diretrizes da APA e da OMS recomendam um uso crítico e equilibrado da tecnologia, com foco em saúde mental. Se você percebe aumento de ansiedade, queda de produtividade, problemas de sono ou dificuldade para desconectar, nossa equipe pode avaliar seu caso e construir um plano personalizado para retomar o controle.